Sentada com as pernas cruzadas, vestido de tricô mescla da coleção de verão 2008, brincos de coral à la art déco e usando um coque belle époque, esta senhora de quase 67 anos não lembra a Vivienne Westwood que lançou a estética punk. Os gestos são suaves ¿ como se espera de uma dama condecorada pela Ordem do Império Britânico, o segundo maior título da Inglaterra. A voz, idem. Mas basta Vivienne falar para sentir que o espírito ¿let it rock¿ ¿ o mesmo que deu nome à sua primeira loja, aberta em 1971, e agora ao seu perfume ¿ continua o mesmo. ¿Resista à propaganda e seja você mesma¿, disse, em entrevista a ELLE num hotel em São Paulo. Vivienne veio à cidade lançar dois modelos de Melissa (nas lojas neste mês). É a primeira incursão de sua marca no Brasil e talvez um passo em direção a uma loja por aqui (¿A idéia existe¿, revelou Cecília Maresca, assessora da estilista inglesa). O discurso antipropaganda e pró-individualidade faz parte de um manifesto que Vivienne ¿ filha de uma operária e um sapateiro, ex-professora primária e fascinada pelo New Look de Dior ¿ escreveu e vem distribuindo entre as pessoas. ¿É preciso expressar a própria personalidade¿, resume. Leia, a seguir, os highlights desse encontro.¿
Estilo, disse Jean Cocteau, é um jeito simples de dizer coisas complicadas. O que seu estilo diz sobre você?¿
O que visto e desenho é heróico. Diz que sou forte, que tenho opinião e sou capaz de defendê-la. Diz que não me conformo, que acredito nas diferenças. Não ligo para o que os outros pensam de mim, se acham que pareço ridícula. Se algo me diverte, uso mesmo.
¿
Somos conformistas?
Vivemos a era da conformidade. Todos querem usar a última moda sem discernimento e se parecer com Kate Moss. Outro dia, dei uma calça diferente à minha neta. Depois, ela apareceu em casa usando um jeans, que considero uma peça conservadora. Não acreditei! Pedi o presente de volta. Ela respondeu: ¿Vó, o importante não é o que a pessoa veste, mas se ela é uma boa pessoa¿. ¿O quê?! Cai na real!¿, respondi. Roupas são muito importantes, sim. Elas dizem quem você é e por isso insisto tanto que cada um deve se preocupar em expressar a própria personalidade da melhor maneira.
Vivemos a era da conformidade. Todos querem usar a última moda sem discernimento e se parecer com Kate Moss. Outro dia, dei uma calça diferente à minha neta. Depois, ela apareceu em casa usando um jeans, que considero uma peça conservadora. Não acreditei! Pedi o presente de volta. Ela respondeu: ¿Vó, o importante não é o que a pessoa veste, mas se ela é uma boa pessoa¿. ¿O quê?! Cai na real!¿, respondi. Roupas são muito importantes, sim. Elas dizem quem você é e por isso insisto tanto que cada um deve se preocupar em expressar a própria personalidade da melhor maneira.
¿
Foi isso que motivou o manifesto?
Defendo que a grande arte ¿ Ticiano, na pintura, e Mozart, Debussy, Chopin, na música ¿ é mais moderna do que muita coisa feita hoje. E é capaz de nos ensinar a ver o mundo de maneira menos superficial, de nos mostrar quem realmente somos e o que queremos. Assim, o mundo pode ser um lugar melhor.
Defendo que a grande arte ¿ Ticiano, na pintura, e Mozart, Debussy, Chopin, na música ¿ é mais moderna do que muita coisa feita hoje. E é capaz de nos ensinar a ver o mundo de maneira menos superficial, de nos mostrar quem realmente somos e o que queremos. Assim, o mundo pode ser um lugar melhor.
¿
A mary-jane original (prata) e a versão de plástico para a Melissa. Nas lojas este mês. |
É contra a arte contemporânea? Matisse foi o último grande artista. Não sou contra a arquitetura moderna, mas lamento que destruam os prédios antigos em Londres. Morei num edifício dos anos 1930 e hoje moro com meu marido numa casa do século 17 que pertenceu ao capitão Cook, descobridor da Austrália. Há tanto trabalho manual na construção, e isso está sendo perdido.
¿
Vai parar de desfilar ou de anunciar em revistas?
Não. Vou continuar a oferecer uma opção para quem não quer se conformar.
Não. Vou continuar a oferecer uma opção para quem não quer se conformar.
¿
Qual o segredo para se vestir bem? Comprar menos e usar melhor o que você tem. É uma idéia da aristocracia inglesa: escolher uma peça de qualidade e usar por muito tempo. Há status em usar algo com freqüência. Mostra que você fez uma escolha muito própria.
¿
Você sai às compras?
Tenho sorte de poder usar o que crio. Algumas peças saem direto da passarela. Outras vêm de um arquivo e depois voltam para ele. Mas fui a melhor freguesa da Mr. Freedom, no número 430 da Kings Road (legendária nos anos 1960) e passei tudo para a frente. Não gosto de ter muitas roupas.
Tenho sorte de poder usar o que crio. Algumas peças saem direto da passarela. Outras vêm de um arquivo e depois voltam para ele. Mas fui a melhor freguesa da Mr. Freedom, no número 430 da Kings Road (legendária nos anos 1960) e passei tudo para a frente. Não gosto de ter muitas roupas.
¿
Tem alguma peça que não usa?
Regatas. Odeio. Antes eu gostava porque queria parecer pobre, mas agora que vejo todo mundo usando... Parece um caldo de conformidade!
Regatas. Odeio. Antes eu gostava porque queria parecer pobre, mas agora que vejo todo mundo usando... Parece um caldo de conformidade!
¿
A moda ainda vai pegar alguém de calça curta?
Não. É impossível fazer agora o que consegui fazer com o punk e o sado.
Qual é a cor natural do seu cabelo?
Bem branco. Mas já foi castanho. Agora eu mesma tinjo com hena, depois de descolorir. A verdade é que sempre tive problema com eles. São muito finos. Por isso, passei a vida mudando. Agora (diz, mexendo no coque) está bem ladylike.¿¿
Não. É impossível fazer agora o que consegui fazer com o punk e o sado.
Qual é a cor natural do seu cabelo?
Bem branco. Mas já foi castanho. Agora eu mesma tinjo com hena, depois de descolorir. A verdade é que sempre tive problema com eles. São muito finos. Por isso, passei a vida mudando. Agora (diz, mexendo no coque) está bem ladylike.¿¿
para sempre revolucionaria!!!
fonte:Elle
Nenhum comentário:
Postar um comentário